a paralisia em querer fazer tudo e nada ao mesmo tempo
mini monólogo motivacional e algumas dicas de como vencer isso.
eu não sou uma perdedora. na verdade, tenho tanto medo de perder que nem sequer tento.
Sim, isso é uma autocrítica.
Sim, eu estou escrevendo isso como uma indireta para mim mesma.
Acontece que eu sou uma pessoa muito produtiva, o problema é que essa produtividade acontece só na minha cabeça.
Meu corpo tá quase sempre parado, tentando processar o que caralhos eu quero fazer e por que estou tentando ir para cinco direções diferentes em um segundo só. No final das contas, eu não vou para direção nenhuma e passo o vídeo do Reels para cima, dou uma virada na cama e volto a me forçar a não dormir.
Eu tenho muita coisa para fazer. Eu toco guitarra, violão, faço cerâmica, leio, tenho uma história para continuar (que recentemente atingiu 18k de leitores, yay!), tenho filmes para ver, desenhos inacabados no meu Procreate para finalizar…
Mas não importa o quanto eu tente, eu simplesmente não consigo me levantar.
Para eu conseguir escrever isso, o meu computador teve que dar tela azul e basicamente me forçar a me levantar da cama para vir corrigir o erro. Eu fiquei com tanta preguiça de voltar para a cama que abri o Substack. Eu fiquei com tanta preguiça de fechar o Substack que simplesmente comecei a escrever.
Eu gostaria muito de escrever da forma que penso: acelerada, obsessiva, intensa, angustiada… quase um vômito de palavras e ideias. Mas simplesmente não consigo.
E tudo só piora quando você pega seu celular, abre aquela merda chamada Instagram e rola por dois minutos para baixo apenas para ver as pessoas mais novas que você sendo milionárias, vendendo curso na internet, se destacando em todos os campos possíveis.
E você?
Bom, você é só… você.
Às vezes, tenho essas crises em que percebo o tanto de potencial, tempo, esforço e dinheiro desperdiçado comigo mesma. Como se, de repente, eu me sentisse uma inútil e comparasse minha existência com a vida de cada um que aparece nas minhas redes sociais.
Mas eu nunca parei para pensar que as pessoas pensam a mesma coisa de mim.
Semana passada, saí com meus amigos para nossa sessão de RPG (sim, eu sou uma total nerd) e passei mais de 10 horas jogando, como sempre. Quando estava indo embora, separei algumas fotos para postar. Tinha sido um dia ótimo, e eu amo eles. São pessoas como eu, que não passam o tempo falando de bebidas, festas e pegação, mas sim de sonhos, hobbies, séries favoritas, assuntos filosóficos, paradoxos etc.
Outro grupo de amigos meus viu esse post, e a reação deles foi, no mínimo, interessante.
Eles falaram sobre como o sonho deles era ser como eu. Tirar notas boas, ter vários hobbies, ter pessoas que me entendem, ter uma família que me ama, fazer coisas que eu gosto…
Pela primeira vez, eu não me senti inútil ou rebaixada pelos outros.
Eu me senti nojenta.
Me senti nojenta porque estava criando a mesma sensação que odiava nos outros. Eu estava ajudando a regar essa semente de inveja e comparação que todos temos dentro de si, e eu não estava nem notando.
A minha realidade não era aquela que eles haviam descrito. A minha vida não é perfeita. Às vezes, me sinto a pessoa mais procrastinadora e fútil do mundo, mas descobri que assim se sente boa parte da população.
Todos apenas mostramos a parte boa da vida. Apenas os segundos em que estamos dispostos e produtivos. Ninguém posta foto apodrecendo na cama, chorando por ex, tendo uma crise existencial ou passando horas mexendo no celular.
Esse meu sentimento de paralisia nunca foi porque eu tinha muita coisa para fazer, mas porque eu sentia que, não importa o que eu fizesse, nada valeria a pena. Afinal de contas, pessoas estavam vivendo vidas muito melhores que a minha sem esforço, fazendo dinheiro fácil, saindo todo fim de semana, namorando, etc. Para que eu iria continuar tentando, se podia só aceitar?
Você tem uma gama de possibilidades do que fazer ao invés de deitar e mexer no celular, mas todas vão levar ao mesmo resultado: nada. Como instinto natural de um ser humano, você vai escolher a opção que vai te desgastar menos, que vai requerer menos esforço.
Afinal de contas, por que você iria fazer algo diferente se pode apenas se aconchegar na casca do que sobrou de si mesmo?
A gente tá sendo assombrado o tempo todo pelo medo de estar desperdiçando a própria vida, e isso tá nos desgastando tanto que nem percebemos que estamos fazendo exatamente isso por conta desse medo.
Não é a sua rotina monótona que tá te desgastando. Não é o fato de você sempre jantar a mesma coisa e não encontrar nenhuma série nova para assistir. É o fato de você não dar significado para os próprios passos, para os novos dias. Você acorda já sabendo que vai ter que “aguentar só mais um” e realmente espera que faça algo produtivo?
A gente vive nesse aconchego de esperar pela idade certa, pelo momento certo, pela pessoa certa, pelo dia certo. Tudo tem que estar certo.
Sério, nem os planetas funcionam estando o tempo todo alinhados, e você insiste que o seu dia precisa ser “perfeito” para funcionar? Que qualquer falha gera um efeito dominó absurdo e tudo vai dar errado a partir dali? Que não vale a pena nem tentar?
Não sei vocês, mas eu não viro a jarra de suco inteira no chão só porque derramei uma gota.
E, sobre esperar o momento certo para começar, para mudar e para ser melhor, quero dar um exemplo bem básico para entender do que estou falando: sabe aquela cartela de adesivos fodástica que você guardava quando era criança, aguardando o melhor momento e o melhor local para colá-los? Onde eles estão hoje? Tenho certeza de que não usou nem metade, pois esperou tanto pelo momento certo que, no fim, ele nunca chegou.
Tá na hora de parar de esperar que alguém te traga um buquê de flores prontinho ao invés de começar a plantar seu próprio jardim e decorar a sua própria alma. Nunca é tarde demais para dar uma explorada em floriculturas que você sempre passou reto.
Foi por esses motivos que eu tomei a decisão de desinstalar o Twitter e o TikTok, mas ainda preciso dar pelo menos uma regulada no Instagram (já que não adianta de nada desinstalar os dois e passar horas e horas no outro). Sinceramente, até acho que vou instalar o TikTok novamente e botar um limite diário de uma hora, assim como pretendo fazer no Insta, porque, sinceramente, essa rede social é muito prestativa para certas coisas. E eu não vou fazer esse papo motivacional e mandar vocês desinstalarem todas as redes sociais, como se a vida fosse automaticamente ser melhor.
Acontece que, enquanto eu passava por essa crise de desânimo e sentia que meu futuro estava passando por mim que nem areia em uma peneira, descobri alguns métodos que podem motivar nessas horas e acho legal compartilhar alguns deles:
1. Se você se encontrasse com a sua versão criança, ela se orgulharia de quem você está se tornando?
Sim, eu sei que é um pensamento meio pesado e que exige uma reflexão profunda, mas vale a pena parar um instante para pensar sobre isso.
Imagine sua versão mais jovem olhando para você com expectativa e perguntando ansiosamente se vocês conseguiram alcançar aquele sonho ou objetivo. Nesse momento, você se questiona: está realmente seguindo o caminho certo na vida ou apenas se conformando com o plano medíocre que a sociedade traçou para você, escolhendo sempre a opção mais confortável?
2. Regra dos 5 segundos
Essa técnica é bem conhecida, e, na minha visão, também é uma das mais úteis.
Funciona assim: toda vez que você cogitar fazer algo (por exemplo, procurar um filme para assistir, escrever sobre algo ou finalmente ler aquele livro que está acumulando poeira na estante), você tem 5 segundos para se levantar e começar. Sem dar tempo para o seu cérebro pensar demais e desistir ao perceber o esforço envolvido.
É uma contagem regressiva, e realmente funciona, desde que você se permita tentar.
3. Crie uma rotina
Pessoalmente, essa foi a técnica que realmente funcionou e à qual me adaptei mais rápido.
Tudo começou quando decidi me obrigar a acordar cedo nas férias, já que eu estava cansada de levantar na hora do almoço e sentir que metade do meu dia tinha ido por água abaixo. Mas, no fim, isso não fez diferença nenhuma, porque eu não sabia o que fazer e acabava passando a manhã inteira no celular.
Isso só mudou quando comecei a fazer uma lista antes de dormir, extremamente organizada (não sei vocês, mas eu só funciono com organização extrema), especificando em horários tudo o que eu ia fazer.
Não era nada que me deixasse sobrecarregada; eu não enfiava cinco tarefas em uma única manhã. Mas, pelo menos, dividi meu dia em tópicos, e isso foi suficiente para me fazer terminá-lo com a sensação de que tinha cumprido um checklist dos meus objetivos.
4. Tomar banho assim que acorda
Pode parecer besteira, mas eu juro: tomar banho às 8 da manhã é praticamente uma reinicialização completa, até em dias de descanso.
Dá aquela sensação de “pronto, agora eu sou uma nova pessoa”, e você já acorda se sentindo mais produtiva e disposta (ou pelo menos menos inútil).
Mas tem um erro que você não pode cometer: pegar o celular e abrir uma rede social logo depois. Isso destrói totalmente o clima.
Em vez disso, vai fazer um café da manhã, coloca uma música, qualquer coisa. Só deixa seu cérebro respirar um pouco, pelo menos por uma hora, uma hora e meia, antes de ser bombardeado com informação.
Enfim, isso tudo foi meio que um desabafo misturado com uma mini ajuda que eu quis dar. Espero que alguém se identifique e se sinta um pouco mais acolhido nesse mundo maluco, cheio de expectativas absurdas que jogam sobre a gente.
E aqui vai um mini lembrete para quem precisa ouvir: só porque está levando tempo demais, não significa que não está acontecendo. Numa era onde tudo se resolve em 15 segundos de vídeo, a gente esquece o quanto as coisas realmente levam tempo para acontecer e como o esforço sempre vale a pena.
Recomendações de música ;)
Playlist que ouço para treinar:
Playlist que ouço enquanto faço café da manhã:
Eu me sinto exatamente assim, essa paralisia constante me assombra e inclusive é pauta na minha terapia. Acordo todos os dias em delírio com a pessoa que eu gostaria de ser e existe um sofrimento imenso contido em mim dessa expectativa. Eu sinto um ódio constante do meu tempo de telas e uma tristeza absurda da falta de energia e motivação que inexiste em mim. Quero romper isso mas ainda não aprendi como
SIM E SIM. Passo tanto tempo no celular que quando vejo se passou 1h, 1 dia, 1 semana. Coloquei limite de tela mas sempre ignoro queria algo que desligasse meu celular KKKKKK